24 de jan. de 2014

O maior presente que São Paulo me deu


O despertador nos acorda a água nos limpa, o café nos desperta e o transporte – seja carro, ônibus, bicicleta – nos leva até o trabalho depois de muito tempo presos no trânsito. Os colegas nos desejam bom dia, os e-mails nos lembram dos nossos afazeres do dia, o chefe nos cobra resultados. O estômago nos lembra que é a hora do almoço e o prato nos desafia a mantermos uma vida mais saudável para que possamos seguir firme nessa rotina. Rotina repetida dia após dia por paulistanos (natos ou por adoção) que em grande parte tem o mesmo pensamento: “Não dá mais para se viver em São Paulo!”. É praticamente um mantra do mundo contemporâneo que faz parte do cotidiano desses espectadores que veem a vida passar no ritmo frenético da maior metrópole do país.

A capital paulista – como todas as grandes cidades do Brasil – sofre com a poluição, há pouco investimento na educação e saúde, sofre com a violência, tem um dos piores índices de trânsito do planeta e toda aquela história que todos nós já sabemos. Mas será que quem mora em São Paulo apenas pensar nos problemas da cidade todos os dias?

Pensando nisso, resolvi que ao menos de alguma maneira eu tinha que descobrir o que os homens desta cidade pensam sobre ela. Ainda mais porque no próximo dia 25 de janeiro a antiga Vila de São Paulo de Piratininga comemora mais um ano de vida em 460 anos de história.


Em rápida pesquisa com 46 “manos de Sampa” perguntei: “Qual foi o maior presente que a cidade de São Paulo deu para vocês?”. Esperava uma enxurrada de respostas negativas – iguais às que vemos das águas da chuva de verão nas ruas e da debandada de gente nas estações de trem e metrô. Mas, a exemplo do que a cidade faz com as pessoas, fui surpreendido com as respostas.


“O fato de eu ter sido registrado aqui. Isso, pra mim, já foi um grande presente”

Grande parte de saudosistas guardam no coração a São Paulo de décadas passadas. “Dava gosto de olhar a Praça Marechal e ver lá longe o Banespa enquanto lambia um sorvete da casa Wiskie. Era um barato ir de bonde e descer na Matarazzo para visitar a Sears e pirar com o perfume de amendoins e castanhas. Era fantástico descobrir no Parque da Água Branca a origem do leite nosso do dia a dia. Aliás, leite deixado em nossas portas em garrafas de vidro. E ouvir o sino da São Geraldo, no Padre Péricles que lá ainda badala”.

Para muitos a cidade de fato é um grande celeiro de oportunidades e onde suas famílias conseguiram se estabelecer. Algumas, inclusive, são mais recentes e podem estar determinando como será a vida na metrópole nas próximas décadas, como “a possibilidade de pedalar e conhecer a cidade por outro ângulo”.

São Paulo dá milhões de oportunidades. E talvez essa seja o maior presente: ser o que desejamos ser!”

Há também bens materiais e culturais que são a marca de Sampa, como Adoniram Barbosa, o Corinthians, o Centro Velho, a Praça do Por do Sol, a USP, o Sambódromo, o Pacaembu, a Praça Benedito Calixto, a deselegância discreta das paulistanas, os Museus (que mesmo sem serem todos gratuitos e estarem sem os devidos cuidados, ainda moram no coração de seus moradores), a Estação da Luz, o estádio do Morumbi, os bares, os shows... Enquanto há moradores que também gostam de coisas simples, como “o prazer de caminhar com meu cão na Paulista”.

“O maior presente foi o fato de me permitir ter liberdade de locomoção, escolha e funcionar 24 horas/7 dias por semana nessa ‘cidade completa’. O que você precisar e quiser achar nela, você acha. Pouquíssimos lugares no mundo são assim, e tive a sorte de nascer, ser criado e morar em um deles”

Há quem se sinta presentado com grandes obras da capital, como “quando construíram o primeiro trecho do transporte metropolitano (Linha Norte-Sul) em meados dos anos 1970. Infelizmente, depois disso os próximos governantes não continuaram na marcha desejada de ampliação que deveriam”. E também “o novo cartão postal da cidade, a Ponte Estaiada, facilitando não só o meu trajeto como de muitos paulistas”.


“O melhor presente de São Paulo foram as ciclofaixas e ciclovias, tanto utilizando as principais avenidas e ruas (Paulista, Faria Lima, Ibirapuera) e também a que percorre o Rio Pinheiros”

Mas é claro que alguns lembraram os problemas da capital. Algo inevitável. Teve quem não pudesse considerar nada vindo da cidade como bens públicos deixando de lado bares, restaurantes, baladas, espaços culturais... Outra resposta foi mais objetiva: “Trânsito? Poluição? Corrupção? Não encontro nenhum presente digno”.

Por essa razão há quem entenda que a cidade deu um grande presente: a paciência. “Ao longo desses 30 anos de convívio aprendi a tolerar muita coisa, transito, desordem, violência. Por isso a cidade me ensinou a achar beleza, paz e tranquilidade mesmo no meio do caos”.

“Uma frase sobre São Paulo define bem esta metrópole: ‘A cidade não desperta, apenas acerta a sua direção’”, disse um dos pesquisados

Uma das histórias me chamou a atenção. Um ex-morador de rua que vendeu bala no farol e foi motoboy reconhece que apesar das dificuldades agradece pelas oportunidades que a cidade lhe deu. “Hoje trabalho no governo e através disso posso ajudar muita gente”, completou.

O que fica claro é que São Paulo tem com seus moradores uma relação existente apenas no seio familiar em que podemos morrer de amores por alguém ao mesmo em que reclamos dos erros cometidos por nossos entes queridos. E para mim essa é a grande marca mesmo da cidade tão amada quanto odiada.

“Um recomeço é sempre bem vindo nessa cidade, que nos ensina a viver em meio a tombos e tropeços e nos dá habilidade para sonhar grande nessa cidade onde vivemos, crescemos e nos formamos. Nela trabalhamos, amamos, sofremos, mas somos VIVO, tal qual a cidade ‘que nunca dorme’”

E para você qual foi o maior presente que a cidade lhe deu?

9 de dez. de 2013

Muito mais que um clube

Neste texto fugirei ao caráter principal deste blog que é a análise de fatos que acontecem no planeta e farei um relato em primeira pessoa de um dia que definitivamente será lembrado para sempre na minha vida. Então vem comigo, querido leitor, que eu te conto o que aconteceu!

O seu valor de mercado, segundo levantamento divulgado em julho deste ano pela revista Forbes, é de US$ 2,6 bilhões. O salário anual de sua maior estrela - um certo argentino canhoto que veste a camisa 10 - gira em torno de R$ 49,5 milhões. Já números de 2012 apontam que o faturamento total do clube na temporada 2011/2012 foi de US$ 628 milhões.


Sim, meus amigos, estou me referindo ao Barcelona. Time que seguramente é o que mais encantou os amantes do futebol neste início de século. Obviamente não é possível conquistar todos os títulos que foram disputados, mas o legado deixado pelo envolvente estilo de jogo pautado em uma filosofia tática presente desde as equipes das categorias de base, que o fazem – sem sombra de dúvidas – ser o melhor clube de futebol deste século. Tal fato é ainda mais importante quando o mundo futebolístico está cada vez mais carente de equipes que joguem um futebol envolvente.


Mas deve ter algo que vai além desses grandiosos números e que pode justificar o porquê que essa camisa azul grená faz tanto sucesso ao redor do globo. Mas o que será? Bem, este blogueiro passou a prestar mais atenção aos feitos dessa equipe há pouco mais de um ano. Eu via todas as peripécias que o tal Lionel Messi fazia em campo, mas não achava que seus dribles pudessem me seduzir tanto. Mas como Raul Seixas poderia argumentar, passei a ser um dos maiores torcedores desse gênio da bola, muito também por uma boa influência do meu amigo Rafael Nardini. Ainda mais em um ano perfeito como o de 2012 em que ele – só para dar mais um dado – marcou 91 gols. Coisa de extraterrestre! E por passar a ter tanta admiração por ele fui sendo tomado por um sentimento cada vez maior de carinho ao clube catalão.

Eis que me surge uma grande oportunidade de viajar para o Velho Continente podendo fazer escala em Barcelona. Era o que eu precisava. Tratei de pesquisar e planejar como seria possível conhecer esse verdadeiro templo do futebol e celeiro de grandes craques: o Camp Nou.

E como na gringa é tudo organizado e eles sabem como “vender” seus peixes com maestria, descobri que era possível comprar um ingresso para o Camp Nou Experience que nada mais é do que um tour em que podemos conhecer um pouco mais dos bastidores de dentro do estádio ao custo de € 23,00 (ingresso adulto que fica em torno de R$ 70,00).

Eis que chegou o dia. Um 10 de novembro de 2013 que definitivamente ficará gravado para sempre na minha memória. Mas para dar um ar ainda mais especial, vesti minha camisa do tricolor para dar aquela valorizada que em 1992 o nosso primeiro título mundial de clubes foi em cima deles. Coisas de brasileiro brincalhão.

Era óbvio que eu estava muito contente com o fato de poder conhecer o estádio. Ainda mais por ser minha primeira experiência esportiva fora do país. Mas também tinha em mim um sentimento – embora pequeno - de desconfiança sem saber ao certo o que eu encontraria e se o Camp Nou seria tudo aquilo mesmo.

Chegamos. Eu e a Dani, minha namorada e fiel escudeira que me acompanhou na realização desse sonho. Ingresso retirado, máquinas fotográficas posicionadas e modo portunhol ativado. Estávamos prontos para adentrar o estádio. Mas já na chegada fui sendo tomado por um sentimento de euforia somente visto em crianças que acordam no dia 25 de dezembro e veem seus presentes debaixo da árvore. É só perguntarem para a Dani qual era a minha expressão naquele momento.

Cheguei!

E com ela me acompanhando!

Passei pelo estacionamento do estádio e já dei de cara com o estádio. Caminhei alguns metros e passei pela entrada. “Nossa, estou dentro! Não acredito!” (pensei). Vencidos os dois primeiro lances de escada, já estava na Zona Mista que fica colada à Sala de Imprensa. Nada melhor para um jornalista logo de cara se sentir a vontade. E como tudo isso é questão de business para eles, na Sala de Imprensa é possível tirar um foto com uma réplica da Taça da Champions League pela “bagatela” de € 14,00 (algo em torno de R$ 45,00). “Não, obrigado!” (pensei). Mas é muito bacana pensar que eu estava naquele ambiente em que já foram feitos importantes anúncios da equipe e coletivas após várias conquistas sendo transmitidos para os quatro cantos do planeta.

Saindo de lá entrei no vestiário da equipe visitante. Bem simples, mas para os visitantes não se esquecerem o quão importante ele é, em monitores colocados em cima dos armários, ficam passando fotos de todos os jogadores que já estiveram lá. Uma espécie de “Calçada da Fama” de Hollywood do futebol. Algo que os times brasileiros poderiam copiar, já que somos um povo sem memória e que por muitas vezes vê grandes craques do passado saírem de cena sem ser dado a eles o devido valor como, por exemplo, o Raí, que não teve um grande jogo de despedida promovido pelo São Paulo. Uma tremenda bola fora da diretoria do tricolor.

A grande vontade de todos que ali estavam era obviamente poder conhecer o vestiário do Barcelona. Mas o que ouvi de um dos guias é que isso somente ocorre uma vez por ano – quando ocorre – e que são momentos abertos apenas para sócios e convidados. Uma pena, não?!

Saindo do vestiário aí sim vem o grande momento da visita. Ao passarmos por um corredor em que há nas paredes as fotos das equipes que conquistaram a Europa em 1992 e em 2006, começamos a entrar de fato no clima de estádio. Ao vermos que estamos indo rumo ao corredor que dá acesso ao gramado somos envolvidos pela atmosfera criada a partir de caixas de som que reproduzem o áudio gravado da torcida em um jogo entre Barça e Real Madrid. Ouvimos o narrador do estádio escalar as equipes. E tome vaia para o time madrilenho em contraste para a festa feita para o time local. É algo tão emocionante que a partir daquele momento comecei a entender o que há de mágico escondido naquele gigante de concreto com capacidade para quase 100 mil pessoas. Dalí em diante a emoção falou mais alto.


A emoção de pisar – mesmo que em um pequeno espaço – do gramado na linha lateral é algo difícil de explicar. E pensar que naquele gramado grandes craques do futebol brasileiro já brilharam – como RomárioRonaldoRivaldo, Ronaldinho Gaúcho e também visitantes ilustres como o Kaká. Mas o próprio estádio nos ajuda nessa missão quando mostra na arquibancada a seguinte frase: “Més que um club” (“Mais que um clube” em português). E é óbvio que tudo isso é mais do que uma simples equipe de futebol. Ser torcedor do Barça é adotar um estilo de vida pautado em ver que o futebol pode ser jogado com arte, requinte, coração. Sem contar na identificação política que o povo catalão tem com a sua região e com o seu clube. De fato é uma equipe diferente de muitas. E por isso a partir de então passei a ser mais um dos seus quase 60 milhões de torcedores – somente os contabilizados na Europa. Que dirá no mundo todo...



Ao melhor estilo Lionel Messi, comemoro a realização desse sonho!


Detalhe no gramado

Depois desse grande momento ainda pude sentar um pouco na arquibancada, passar pela área onde ficam as emissoras de TV que transmitem as partidas e também por dois museus – um digital em que ficam expostos vídeos importantes do Barça não apenas no futebol como também no handebol, basquete e futebol de salão e o outro em que ficam expostas as principais taças conquistadas pelas diferentes modalidades. Há também, por exemplo, as réplicas dos troféus que o Messi ganhou da revista France Football entre 2009 e 2012 como melhor jogador da Europa.

E como falei anteriormente, é tudo um grande negócio para os cofres do clube. Fazem isso para mostrar sua força, mas também para fazerem caixa. E como bom turista desembolsei exatos € 99,95 (algo em torno de R$ 300,00) por uma camisa de Lionel Messi. Uma grana, hein?! Mas que em meio a todo aquele cenário torna-se um investimento mais do que justo, afinal fui muito bem convencido de que o Barcelona é muito mais do que um clube. “Barça, Barça, Barça!”

Agora sim a visita estava completa!


Os craques do Barça da temporada 2013/2014

25 de jul. de 2013

As garras do Galo!


Raça, garra, vontade, entrega, luta, disposição, aplicação, disciplina, talento, perseverança e sorte. Todas essas e outras palavras têm o seu significado denotativo, mas quando pensadas no sentido conotativo passaram a partir da madrugada desta quinta-feira (25/07) a ganhar uma nova referência: Clube Atlético Mineiro, o Galo Doido das Minas Gerais que foi o grande protagonista desta Copa Libertadores da América e que com muita justiça sagrou-se o Rei da América em uma final já inesquecível não apenas para os atleticanos como para todos os amantes do futebol que se vestiram de preto e branco em apoio ao time comandado pelo técnico Cuca.


O Galo é o campeão porque com uma campanha brilhante – que contou também com muita sorte com os pênaltis defendidos pelo “São Victor” – mostrou que há momentos no esporte em que sorte e técnica podem sim andar lado a lado. Na primeira fase do torneio, o Galo sobrou e deu show. O melhor time na fase de classificação e o que mais encanou a América com jogadas envolventes de seu quarteto ofensivo (com Ronaldinho, Bernard, Diego Tardelli e Jô) garantidas pelo bom balanço defensivo com as boas atuações de Leandro Donizete e Pierre que davam segurança aos zagueiros e também às descidas dos laterais. E no gol? Bem, no gol o bom goleiro Victor teve seus momentos de glória reservados para serem vivenciados na hora certa com os pênaltis defendidos nas quartas contra o Tijuana e na semi contra o Newell’s Old Boys. Momentos de dificuldade que o Galo passou na fase de mata-mata. Normais para um torneio com o peso e a dificuldade de uma Libertadores.


Esta final, por si só, já seria um momento histórico para a equipe que chegava a sua decisão do torneio continental. Pode ter sentido a pressão de disputar uma final contra uma equipe experiente como o Olímpia que já venceu a torneio por três oportunidades e que foi a dona do mundo por uma vez. Por isso o time teria que reverter a desvantagem dos dois gols sofridos no jogo de ida. Mas o que vimos em campo foi garra, vontade, raça e o sangue nos olhos de Ronaldinho que, para mim, foi ao lado de Victor o grande nome da final. Deu gosto de ver o quanto que o camisa 10 estava ligado no jogo e com vontade de resolver a parada para o time de Minas Gerais.

Final essa que teve tudo o que uma grande final tem de ter: gol do artilheiro do torneio (Jô com sete gols), atacante do time adversário que perdeu um gol driblando o goleiro no final do segundo tempo, zagueiro adversário sendo expulso, gol de zagueiro no final do segundo tempo que levou para a prorrogação, bola na trave durante a tal prorrogação, chuva, torcedor quase tendo um enfarto na arquibancada e no sofá da sala. Até que ao final de dois tempos a loteria dos penais decidira quem seria o Campeão da América.


E vale destacar, com certa tristeza deste sãopaulino, que o time mostrou também tem muito preparo físico para agüentar a prorrogação, fruto do trabalho de Carlinhos Neves, preparador físico dispensado do meu São Paulo. Valeu, Juvenal!

Se foi esse o último jogo de Bernard, os Deuses do Futebol deram uma força para a torcida que pôde assistir a mais meia hora de futebol do jogador que tem “alegria nas pernas” vestindo a camisa preto e branca – mesmo se exaurindo em cansaço e com cãibras.


Do lado do Galo, vimos a categoria de Alecsandro que ao marcar o primeiro gol, na gaveta, reverenciou (com justiça) o 13º jogador do Galo – a sua vibrante torcida. O responsável pelo gol importante da semifinal, Guilherme, colocou no cantinho. Jô, artilheiro da Liberta, tirou a “zica” do penal perdido na semifinal mandando com categoria no canto oposto ao do goleiro do Olímpia. Leonardo Silva, autor do segundo da final, com tranquilidade, manteve o Galo vivo na disputa do caneco.

Já o primeiro pênalti do Olímpia, Victor pegou no meio do gol sem muito trabalho. No segundo, acertou o canto e ficou no quase. O terceiro foi batido pelo capitão, Candia, que passou perto do goleirão do Galo. No quarto penal, nada pôde ser feito com a batida no meio do gol. E na última cobrança, a bola caprichosamente explode na trave e sagrou o Galo CAMPEÃO DA LIBERTADORES! E da melhor maneira possível sem um grande heroi como responsável pelo gol do título sendo enaltecida a característica do elenco que sempre se mostrou unido.


O título lavou a alma da torcida, do time e do técnico Cuca que também levou um banho de seus comandados durante a coletiva de imprensa. Cuca esse que era tido como pé frio, azarado e cavalo paraguaio que não conquistava títulos de expressão. Tai agora uma Libertadores, merecida, para o currículo do bom técnico que armou um time difícil de ser batido com uma espinha dorsal de respeito: Victor no gol, Rever na zaga, Pierre na marcação, Bernard, Tardellí, Jô e Ronaldinho no ataque – trazido por Cuca para ser o responsável pela armação do time que foi montado em função dele.

O Galo cantou! A bola não entrou! A torcida vibrou! GALO, GALO, GALO, CAMPEÃO DA AMÉRICA!


Parabéns ao Galo, o novo Dono da América! Rei que agora coloca mais uma marca na Taça, a das garras do Galo forte e vingador.

A CAMPANHA DO ATLÉTICO MINEIRO NA LIBERTADORES DE 2013

9 VITÓRIAS / 2 EMPATES / 3 DERROTAS

29 GOLS MARCADOS E 18 SOFRIDOS

OS JOGADORES DO ATLÉTICO MINEIRO CAMPEÃO DA LIBERTADORES 2013


01 - VICTOR
02 - MARCOS ROCHA
03 - LEONARDO SILVA
04 - RÉVER
05 - PIERRE
06 - JÚNIOR CÉSAR
07 - JÔ
08 - LEANDRO DONIZETE
09 - DIEGO TARDELLI
10 - RONALDINHO
11 - BERNARD
12 - GIOVANNI
13 - JEMERSON
14 - RAFAEL MARQUES
15 - GILBERTO SILVA
16 - LUCAS CANDIDO
17 - GUILHERME
18 - ROSINEI
19 - ALECSANDRO
20 - RICHARLYSON
21 - NETO BEROLA
23 - LELEU
24 - LEE
25 - PAULO HENRIQUE
26 - CARLOS CESAR
27 - LUAN
28 - JOSUE
29 - MICHEL
30 – SIDIMAR
ARAUJO
SERGINHO
MARQUINHOS


Dados e Imagens: Fox Sports, UOL e The Cristian Post

24 de jul. de 2013

Governo.com você?

O mês de junho de 2013 certamente já entrou para a história quando vimos que o gigante não está mais adormecido quando milhões de brasileiros saíram às ruas para protestarem não apenas contra os tais dos R$ 0,20 como também contra a corrupção, os descasos com a saúde, os baixos investimentos na educação e por aí vai. São tantos os problemas que tinha manifestante erguendo cartaz dizendo que não havia espaço na cartolina para tantas reclamações.

Fato é que por umas duas semanas o povo brasileiro fez com que os governantes tivessem que recuar de suas decisões e começaram a ouvir o que o povo queria para o país. É bem verdade de que ainda teremos que ter mais inúmeros momentos como estes para que nossa política consiga evoluir para níveis aceitáveis, mas o ponta pé inicial já foi dado e tem que ser repetido muitas vezes porque uma democracia só consegue ser forte com a participação popular pressionando todas as esferas de poder para que executem bons trabalhos.


O que deixou muitos governantes de cabelo em pé foi verem a força que as redes sociais têm em mobilizar rapidamente um grande número de pessoas e também que por meio dela é impossível abrir discussões com os líderes de movimentos a fim de negociar o fim dos protestos.


Eis que em meio a esse cenário, o Governo Federal lançou oficialmente, na semana passada, a Rede Social oficial do Governo chamada de “Observatório Participativo da Juventude que passou a ser chamado de “Participatório”. Com layout parecido com o do Facebook, o tal do Participatório já vinha sendo desenvolvido muito antes de toda essa onda de manifestações Brasil afora sendo que em outubro de 2011 surgiu o primeiro desenho e em dezembro de 2012 o projeto começou a ser executado.

O Participatório se define como “um ambiente virtual interativo, voltado à produção do conhecimento sobre/para/pela a juventude brasileira e à participação e mobilização social. Inspirado nas redes sociais, pretende promover espaços e discussões com foco nos temas ligados às políticas de juventude”. E também diz ser um híbrido entre o formal da academia e a fluidez das redes. Sem contar que essa plataforma está integrada para ter interação com todas as outras redes sociais. Mas aqui não irei discutir o lado operacional da coisa.

Fato é que essa medida mostra uma ótima sinalização que o governo tem de se aproximar dos novos formadores de opinião da sociedade que são os jovens e internautas que a todo o momento bombardeiam a rede mundial de computadores com reflexões, questionamentos e conteúdos com teor político e que mostraram em junho passado que são capazes de fazer muito barulho ao reivindicarem por mudanças no país.

O que podem pensar é que essa rede terá censura se algum conteúdo não agradar ao Governo, mas no próprio site há a garantia de que não haverá censura sendo que “todos os assuntos são válidos se mobilizam a juventude e os usuários poderão organizar suas comunidades e seus debates, discutindo todos os aspectos das políticas públicas de juventude. Os conteúdos postados são de responsabilidade dos mesmos, inclusive no tocante a direitos autorais”. Mas é claro que todos sabemos que não podemos sair publicando textos e pensamentos com palavras de baixão calão, né?! Tirando isso tudo é válido, e o melhor é que sejam publicadas apenas verdades.

Por outro lado, dias depois, o governo também anunciou que irá montar um Gabinete Digital para acompanhar o que acontece no mundo digital e pelo que foi publicado na Folha de S. Paulo, o objetivo é abastecer o mundo cibernético com dados oficiais; monitorar e pautar o debate virtual; fazer disputa de versões, desfazer boatos e tentar, na medida do possível, colocar a presidente Dilma Rousseff em contato mais direto com internautas.

São frentes de trabalho que vão em lados opostos. O Participatório surge como ferramenta que poderá ser produtora de pautas e projetos que visam a implantação de Políticas Públicas, já o Gabinete Digital tentará evitar o "susto das ruas" tendo em vista que os protestos de junho foram articulados na internet sem que o poder público conseguisse capturar a movimentação e, menos ainda, reagir.

Tenho para mim que essa medida será feita para entre outras consequências ser, por exemplo, apenas mais um potencial fator para que um novo cargo seja criado pelo Governo para que algum novo Assessor faça um trabalho que não deveria existir se todos os Governos fizessem os seus trabalhos de forma isenta e sem impunidades de corrupção. Mas já que o Governo se mostra aberto ao diálogo, vamos ver se essa medida trará bons resultados para a sociedade porque também sabemos que todo Governo adora mostrar que está trabalhando criando Comissões e Grupos de Trabalho especiais para tratar de um assunto em específico. Faz parte do show.

O comunicador Vinicius Dennis, meu amigo, foi muito lúcido em seu comentário recente no Facebook – o qual acredito ser muito relevante para este post:

“As redes sociais seguem a mesma lógica, demandando das empresas, políticos e partidos a produzirem atrativos objetivos. Qualquer organização ou partido político que entende as redes como espaço exclusivo para a publicidade, ou seja, como espaço para exibição de conteúdo centrado na própria imagem e distante do desejo do público, está fadada a fracassar diante do poder da coletividade digital.”

Esperamos então que com essas novidades vindas de Brasília o Governo de fato tenha mais interesse em ouvir a população e que a chame mais vezes para o debate político propositivo para o país sem o velho blá blá blá politiqueiro do qual estamos fartos.

Menos falatório, promessas, lobbys e desvios de verbas. Mais ação, transparência, participação popular nas tomadas de decisão com governantes éticos e interessados no bem comum.

Aguardemos as cenas, e postagens, dos próximos capítulos da história da nossa democracia...

Este blog se propõe a ser um espaço para a pluralidade de opiniões, portanto pode ficar a vontade para deixar seus comentários sobre os textos aqui publicados.

Fontes:


23 de jul. de 2013

Torre de Babel

É meus amigos e minhas amigas. Este blogueiro é mais um dos milhares de jornalistas que estão em busca de uma de uma recolocação profissional neste meio que está passando por mudanças que nem mesmo o mais experiente dos jornalistas sabe ao certo aonde isso vai nos levar.

As redações assistem a demissões em massa para a redução de gastos; enxugamento de cadernos; contratação de estagiários, freelas e PJ’s para que com isso haja menos investimento em salários e em vínculos empregatícios; entre outros fatos que já fazem parte do dia a dia do mercado jornalístico deixam os profissionais – empregados ou não – ainda mais atentos ao que poderá se tornar o jornalismo desse futuro que parece estar cada vez mais perto.


E fatos como esses acontecem logo em um nicho profissional que tem como atores principais profissionais que representam o dito quarto poder do Estado e que sempre são lembrados como grandes detentores de conhecimento. Mas ao que me parece – e acredito não ser o único a enxergar isso – é que toda essa grife que os jornalistas têm só serve para massagear seus egos e muitos ignoram esse espírito social deixando de lado algo que seria de fundamental importância para o futuro da categoria que é a organização desses profissionais em grupos que militem por melhorias no jornalismo brasileiro.

Quem consegue enxergar uma luz no fim desse túnel?



Algo que me chama muito a atenção: como é que pode ser possível que profissionais tão letrados e politizados fiquem tão resignados diante de um cenário que a cada dia segrega mais e mais profissionais cheios de vontade de trabalhar, mas que se veem diante de um mercado sem verba para investimentos ou que prefere investir cada vez mais em mão de obra barata e que topa qualquer parada na hora de trabalhar?

Essa situação para mim se parece muito com a do mito da Torre de Babel que segundo consta na Bíblia, começou a ser construída numa época em que o mundo inteiro falava a mesma língua e com as mesmas palavras. Sendo assim, a Torre seria construída por essa população com o intuito de chegar ao céu porque o homem queria ser como Deus. Deus, então, parou este projeto ao confundir a linguagem de cada um para que todos passassem a falar línguas diferentes. O resultado? Eles não conseguiram mais se comunicar e o trabalho foi parado.

É a sensação que tenho. São muitos jornalistas falando sobre as necessidades de mudanças, que é preciso ter mais investimento nos veículos, que jornalistas não podem se sujeitar a trabalhar tanto ganhando pouco e com acúmulo de funções e há pouca gente que de fato escuta tudo isso e se mostra sensível em arregaçar as mangas e mudar esse atual cenário dessa profissão que acredito ainda manter certo glamour.

Ao que me parece também os discursos politizados dos jornalistas que clamam por mudanças na política do país não se fazem ouvir por eles próprios quando é necessário se unir para militarem em prol de políticas públicas que possam beneficiar os meios de comunicação. Muito embora eu saiba também que há todo um imbróglio com relação, por exemplo, às concessões de TVs e Rádios (mas isso é assunto para outra postagem).

A exemplo do que vimos com o Jamanta (interpretado pelo ator Cacá Carvalho) na novela global “Torre de Babel” (de Silvio de Abreu), espero de verdade que os jornalistas idealizados por este escrivinhador de fatos não tenham morrido.

Esperamos que os jornalistas que querem mudanças no jornalismo brasileiro façam como o Jamanta e não morram

Há inclusive um excelente texto que trata desse assunto no site da Página 22. Acesse o link para ler Imprensa sem papel.
Sei que não tenho ainda muita experiência profissional e peço desculpas se estou cometendo algum grande erro nesta análise. Apenas estou sendo guiado pela minha paixão pelo jornalismo que é fortemente pautada em outro mito, o do Super Homem. Mas fiquem a vontade para me interpretarem da forma como preferirem e podem deixar seus comentários se desejarem, afinal este blog se propõe a ser um espaço da pluralidade de opiniões.

Charge extraída do site OJornalista.com